Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

O Catenaccio

O Catenaccio

A “técnica da tática” é o espaço onde damos o nosso parecer e analisamos conceitos táticos específicos que nos marcaram. Iremos mostrar como toda a tática, tem técnica.

Com apenas 28 anos, Julian Nagelsmann tornou-se no mais jovem treinador da história da Liga Alemã quando assumiu o comando do Hoffenheim, em fevereiro de 2016. Hoje, com 32, comanda o mais recente “grande” do futebol germânico, o RB Leipzig, e dá nas vistas por todo o mundo com o seu estilo diferenciado de futebol, sempre bastante eficaz.

Julian.jpg

No papel, o atual plano de jogo do Leipzig pode tornar-se um pouco confuso, uma vez que não é tão facilmente identificável como um simples 4-4-2 ou 4-3-3. No entanto, na prática, as diretrizes de Nagelsmann parecem bastante claras para os seus jogadores. Nunca abdicando dos três defesas centrais, com dois alas a cobrir todo o corredor, a grande “chave” desta equipa está no meio-campo, que pode ter três homens a formar um triângulo, tanto normal (com dois médios centro e um mais ofensivo) como invertido (com um trinco e dois médios mais centrais). No ataque, o habitual é aparecerem dois pontas de lança bastante móveis, que tanto têm uma excelente capacidade de finalização como conseguem abrir espaços para a entrada dos médios na área. Posto isto, a disposição tática do RB Leipzig de Julian Nagelsmann é habitualmente a seguinte:

Tática.png

De acordo com o que escrevi no último parágrafo, são nomes como Sabitzer ou Forsberg que figuram como peças fulcrais da equipa. O balanceamento que fazem entre a primeira fase de construção e a chegada ao momento de finalização é vital neste esquema da equipa alemã. Por outro lado, a importância dos dois alas não deve ser ignorada, uma vez que percorrem a lateral do terreno vezes sem conta durante cada partida e, quando integram o ataque, abrem as defesas adversárias e criam espaços no meio para os jogadores que ocupam essas zonas do terreno.

Nesses momentos, são sobretudo os dois pontas de lança (entre os quais Timo Werner é, indubitavelmente, a figura) que estão, naturalmente, encarregues de colocar a bola nas redes. Para tal, utilizam duas características que são fundamentais para um avançado suceder neste modelo: a mobilidade, para encontrar os espaços certos e no momento certo, e a qualidade na finalização, que é essencial para converter as chances que a equipa cria.

Apesar do momento ofensivo ser extremamente importante em todas as equipas, pois são os golos que efetivamente ganham jogos, também o momento defensivo tem uma grande importância no sucesso de qualquer formação, e o Leipzig não foge à regra. Os comandados de Nagelsmann têm um total de 26 golos sofridos na Bundesliga, número igual ao do líder Bayern e que corresponde ao mais baixo entre todas as equipas da liga. A contribuir para este sucesso, para além da linha de cinco homens que se forma na defesa, também o duplo pivô no meio-campo é de extrema importância, com Sabitzer a ser o conector entre defesa e ataque e Laimer a ter um papel mais defensivo, na frente dos três centrais.

Por fim, mas talvez o ponto mais importante, numa tática com tantos homens a ocupar as zonas centrais do terreno, torna-se fulcral a utilização de um modelo de passe vertical. Desta forma, Nagelsmann consegue que os seus atletas vão da sua área à do adversário dando poucos toques na bola, surpreendo o adversário e conseguindo muitos golos desta forma.

Este Leipzig começa cada vez mais a deixar marcas no futebol alemão, ascendendo à luta pelo topo em poucos anos. Para além disso, as metodologias do jovem treinador alemão começam também a ser reconhecidas por toda a Europa, sendo que na presente temporada valeram mesmo uma qualificação para os quartos de final da Liga dos Campeões. Mantendo o treinador e boa parte dos jogadores fundamentais, este Leipzig pode estar destinado a grandes momentos de sucesso.

 

Fonte da imagem de capa: RB Leipzig

Redigido por: Alexandre Candeias